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11.12.10

Confira o Curta: Com Amor, Daniela.

Curta produzido pelos alunos de jornalismo na disciplina de Cinema II 2010/2 da PUCRS - Famecos.

http://www.youtube.com/watch?v=VHJXbn7wi-Y

e não esqueçam daquele antigo curta:
Será? Produzido pelos alunos de jornalismo no IPA. Não me lembro o ano e o semestre.

26.6.10

O exercício da profissão comprometida em diversos aspectos devido a linha editorial da empresa de comunicação.

Na história contemporânea brasileira a imprensa venceu grandes percalços, como a censura. Ela mascarava a realidade e contribuía para a parcialidade dos fatos. Com o avanço democrático no Brasil nunca ouviu se falar tanto sobre imparcialidade da imprensa livre. Porém, essa denominação é um problema que surgiu nos meios de comunicação. Há certa ingenuidade sobre essa “imparcialidade da imprensa livre”.

Atualmente os organismos responsáveis pela volta da “liberdade de expressão”, foram os meios de comunicação. Na época da censura nada passava pelo crivo dos militares. Na nossa época, o jornalista está sendo pautado pela linha editorial, pelo agendamento de notícias da mídia e claro pela audiência que ainda aceita receber notícias maquiadas.

O jornalista depende financeiramente da empresa

O jornalista pode até tentar passar imparcialidade em suas matérias. Porém, os títulos, escolha de fotos e legendas são dos editores que carregam a linha editorial de uma empresa. É demissão na certa impedir que a matéria tenha complementos parciais.

A imprensa também é uma instituição capitalista, empresarial, com fins lucrativos. As redações, portanto, estão presas ao salário do fim do mês. Podemos entender a liberdade como um campo em que o poder do Estado não consegue interferir. As redações não têm mais esse controle governamental, mas tem um controle comercial muito forte.

Os jornalistas podem burlar esse controle com o seu texto. Será? Do que adianta fazer um texto cheio de ambiguidades e com diversas significações, se a essência do jornalismo é escrever de forma clara para o público. Será que o público irá entender o que pretendíamos passar?

“É triste, é desalentador, mas é um fato. São muitas as redações que sucumbem às seduções do mercado (do poder econômico) e são muitas as que procuram se abrigar sob o manto do Estado, fazendo o jogo, por vias indiretas e dissimuladas, do poder”, afirma Eugênio Bucci.

A imprensa precisa se impor. As audiências sabem que não há uma imprensa imparcial. Tanto que muitos leitores preferem uma empresa à outra. Então por que a empresa não assume de que lado está? A sociedade está segmentada. Isso é fato.

Os grupos sociais têm mudado a maneira de como se relacionam com a produção cultural. Conforme seus valores, os grupos estão escolhendo a forma de linguagem, visual e conteúdo que querem ter contato. São novas formas de ação e de interação no mundo social, o estabelecimento de redes sociais, novas formas de ver a si mesmos e aos outros segmentos e indivíduos na sociedade.

A parcialidade maquiada pela empresa por imparcialidade

Aqui chegamos, finalmente, à função de mediação que só a imprensa livre pode exercer. Apenas as redações independentes podem promover a mediação de um discurso imparcial. Redações independentes não têm inclinações de esquerda, de direita, ou neutra: o fundamental é que elas sejam independentes da lógica do Estado e da lógica do mercado.

As empresas de comunicação vendem uma imagem de imparcialidade. Que não existe. Alguns exemplos: O grupo RBS se vende como um Olhar Gaúcho, a Rede Record como um olhar do povo e a Rede Bandeirantes com a rapidez da informação. O problema que tudo isso é uma jogada comercial para conquistar mais público e vender mais anúncios.

O dinheiro do anúncio é mais importante que a informação

Jornalistas independentes são sustentados não pelo Estado ou pela publicidade privada, mas pela confiança do público e pelos recursos financeiros que daí provêm. Um blog vinculado a um movimento social qualquer pode ser uma boa fonte de dados e de pensamentos originais – mas não é uma redação independente. Ela presta contas ao movimento social a que se vincula, e não ao público. (Bucci, 2010)

O dinheiro de um anúncio é muito mais importante que um furo de reportagem. “Esse furo pode ser publicado amanhã! Hoje iremos publicar essa conta exclusiva do anunciante.” Isso tanto é verídico que a parte comercial de um jornal lança para a redação o espelho do que sobra de espaço para a produção jornalística.

O jornalista, portanto, tem que aprender que o jornalismo é regido pela linha editorial e pelo dinheiro. Se você não gosta dessa atitude vá para outra empresa, ou crie a sua própria empresa, com padrões administrativos que estão de acordo com você.

A mudança deste panorama não depende do jornalista, e sim de quem detém o poder financeiro. Essa é a verdade! O jornalista não pode mudar uma empresa. Mas ela pode mudar o jornalista. Afinal, o dinheiro no final do mês, por menor que seja, é o sustento desse mero trabalhador assalariado.

Texto produzido por Alexandre Soares Pinto e Bruna Essig para a aula de ética e cidadania da Famecos. 2010/1.

25.6.10

Analise Crítica do filme “O Diabo Veste Prada”

RESUMO
O trabalho consiste, basicamente, em analisar criticamente a obra cinematográfica norte-americana “The Devil Wears Prada”. O filme se trata de uma comédia romântica e retrata os sacrifícios, que alguns recém-formados em jornalismo, devem passar para exercer a profissão. No corpus de pesquisa estarão as ideologias e utopias da profissão apresentadas no filme, as características ideológicas e utópicas das personagens principais, reflexões sobre o poder das editorias de moda no mundo, a valorização do consumo dessas editorias e do filme e o discurso sedutor pelo luxo e glamuor. Como fonte de pesquisa, usamos bibliografias e pesquisas na internet, além de ter como principal base o filme e a obra escrita.

PALAVRAS-CHAVE: Ideologias e utopias do profissional de jornalismo; discurso sedutor da moda; forma de ver o profissional de jornalismo;

DADOS DO FILME
O filme foi baseado no livro “The Devil Wears Prada” de Lauren Weisberger, de 2003. Para o português o título se manteve como “O Diabo Veste Prada”. Não é por acaso que o nome da obra cinematográfica se espelhou no título do livro.
Em 2006 o filme estreou nas telas dos cinemas contanto em 110 minutos a aventura da jovem jornalista, Andréa Sanchs, Andy, (Anne Hathaway), e da lendária editora-chefe da Runway, Miranda Priestly (Maryl Streep). O elenco também contou, além das protagonistas Anne Hathaway e Maryl Streep, com Emily Blunt (Emily), Adrian Grenier (Nate), Simon Baker (Christian Thompson), Daniel Sunjata (James Holt), Gisele Bündchen (Serena), Tracie Thoms (Lilly), Jaclynn Tiffany Brown (Stephen), entre outros. O roteiro é de Aline Brosh McKenna, figurino de Patrícia Field e direção, David Frankel.
A comédia romântica recebeu duas indicações ao Oscar, nas categorias de melhor atriz (Meryl Streep) e figurino. Ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz de musical ou comédia (Meryl Streep), além de ter sido indicado nas categorias de melhor filme de comédia ou musical e melhor atriz coadjuvante (Emily Blunt). Recebeu 5 indicações ao The British Academy of Film and Television Arts (BAFTA), nas categorias de melhor atriz (Meryl Streep), melhor atriz coadjuvante (Emily Blunt), melhor roteiro adaptado, melhor figurino e melhor maquiagem.

RESUMO DA HISTÓRIA DO FILME
O roteiro adaptado do livro conta a aventura de Andréa “Andy” Sachs (Anne Hathaway), recém-formada em Jornalismo pela universidade Northwest, que saiu da sua cidade natal para Nova York a fim de conseguir um emprego. Depois de enviar diversos currículos para várias empresas de comunicação, ela consegue uma entrevista no grupo Elias Clarke, onde foi encaminhada pelo recursos humanos para a revista Runway, para o cargo de segunda secretária de Miranda Priestly. Na entrevista com Miranda ela mostra ser uma boa profissional com bons artigos produzidos e publicados quando ainda era universitária, garantindo prêmios de melhor reportagem na universidade.
No entanto, sueu emprego seria de segunda assistente da poderosa editora Miranda Priestly (Maryl Streep), da principal revista de moda de Nova York. Apesar da ocupação nada ter a ver com a sua formação, trabalhar com Miranda no mundo da moda, garantiria um emprego em qualquer lugar. Afinal, “milhões de garotas se matariam por esse emprego”.
Para Andy, marcas como Gucci, Prada, Armani, e Versase, faziam parte de um mundo distante do seu, não só pelos preços, mas também por questões de interesses e de personalidade. Porém, ao ser contratada passou a ser motivo de “chacota” entre seus colegas de trabalho. Com ordens praticamente impossíveis e com tratamentos gélidos de Miranda, Andréa tenta chamar a atenção de todos na revista. Cansada de ser julgada por não ter preocupação com a moda, recorre ao produtor de moda da revista, Nigel (Stanley Tucci), para conseguir melhorar o seu visual.
A mudança no visual e nas atitudes faz com que Miranda a promovesse e a queira na maior semana da Moda de Paris, sendo essa viagem tudo ou nada na vida de Emily (Emily Blunt), a outra assistente de Miranda. A mensagem sedutora deu motivos para que a personagem buscasse a individualidade e a necessidade do reconhecimento em alguns grupos sociais importantes.
Miranda coloca em cheque a ingenuidade de Andy. Abalada por reconhecer que realmente virou uma garota superficial, dedicada somente para a aparência, Andy desiste de ser assistente de Miranda. Na cena, Andy sai do carro e joga seu celular em um chafariz, “assinando” a demissão. Na volta à Nova York, Andy consegue uma entrevista no jornal New Yorker. O editor chefe ao ver seu currículo liga imediatamente para Runway para pedir uma carta de recomendação. Miranda pessoalmente escreve a carta dizendo que Andy foi a pior assistente que ela já teve e que seria burrice do editor se recusar a contratá-la. Andy fica surpresa e garante seu emprego como repórter do New Yorker. Enfim, ela consegue trabalhar num veículo no qual ela pode desempenhar o que sempre desejou: jornalismo.

Contextualização
A sedução é um fator determinante no filme. O tempo todo é salientado a importância da editora para o mercado de moda e a frase: “um milhão de garotas dariam a vida para estar em seu lugar”, contextualiza a realidade modista. Miranda é tida como uma pessoa referência onde muitos gostariam de presenciar e estar naquele lugar, trabalhando ao seu lado, independente dos sacrifícios. Estilistas renomados e marcas conhecidas são destaques na história. Sacolas, bolsas, telefones, canetas, e casacos são apresentados de maneira escancarada com objetivo de seduzir a personagem e, por que não, o público. Falar desse discurso sedutor sem o glamour é praticamente impossível.
O glamour contido nesse texto leva o sujeito a sonhar e desejar um determinado produto, mesmo que isso esteja longe de sua realidade. A moda ganhou contornos ainda mais sedutores com a publicidade. Anúncios em revistas, jornais, outdoors cada vez mais requintados, retratam as mulheres com formas perfeitas. Na televisão, os desfiles de moda e as novelas lançam tendências e celebridades. Enfim, a mídia é uma arma de grande poder neste mundo, sendo ela quem comunica, quem anuncia e quem leva as necessidades ao receptor, o que gera o consumo exacerbado da população receptora destas mensagens.
Destacamos o início do filme que mostra os detalhes das roupas das meninas que sonham com o emprego na Runway, lingeries com rendas, sapatos vernizados, cabelos impecáveis, onde tudo isso é comparado ao estilo de Andréa. A obra mostra festas maravilhosas, frisantes, canapés de salmão, limousines, cabelos e maquiagens esplendidas, pessoas belas, glamour, muito glamour com o intuito de encantar não só a personagem Andy, mas aos que assistem ao filme também.
Afinal, o filme trata-se de uma comédia romântica, gênero cinematográfico voltado para o público feminino. A sedução é o discurso perfeito para esse tipo seguimento cultural que se destaca tanto no filme, como na realidade. Cabe fazer um parâmetro da obra com o mercado financeiro, onde pesquisas apontam o crescimento acelerado da indústria de luxo em países do mundo todo, principalmente em Nova York, cidade palco da história. A mídia tem grande participação na moda, já que eventos como a Semana da Moda de Paris ou até mesmo aqui no Brasil como a ”São Paulo Fashion Week” e o “Rio Fashion Week” são divulgados com grande ênfase pela televisão, revistas e editoriais.
A primeira assistente de Miranda, Emily é seduzida e encantada pela moda. Logo no começo da comédia seu personagem faz referência sobre mulher ideal. Aquela mulher superficial, preocupada com a beleza (alimentação) e moda. Para Emily e “todas as milhões de meninas que se matariam por esse emprego”, Paris era tudo. Roupas, sapatos, festas, pessoas famosas e lindas. “Olha aqui, você deve fazer tudo corretamente, nada pode atrapalhar a minha viagem a Paris”, fala Emily para Andy, quando acreditava que seriaela a recrutada para ir à Paris.
“O Diabo Veste Prada” traz a participação da imprensa como exemplo de poder e influência. Quando há diversas câmeras sobre Miranda, os flashes nas grandes festas e nos desfiles. A questão do poder é constante no mercado da moda, pois o valor empregado na marca torna o usuário poderoso, um modelo a ser seguido.
A moda desperta no indivíduo o encanto, a necessidade de sonhar, de consumir, o que o faz ignorar completamente a retórica do apocalipse que é apresentada pela Indústria Cultural como uma arma que tira a capacidade do indivíduo de pensar e de agir, ou seja, a idéia da Indústria Cultural é ultrapassada, já que o sujeito tem a liberdade de escolha.

O CONSUMO NO FILME
A supervalorização do consumo pode ser indagada na comédia sobre várias visões, sendo a primeira quando Andréa nega importar-se com roupas, estilistas, marcas, porém existe uma “cartada” surpreendente na cena em que Miranda discute a indecisão por dois cintos para uma composição de roupas e Andy sorri com ar de que aquela era uma discussão desnecessária, já que os cintos eram praticamente iguais.
Neste momento, Miranda faz um discurso que seria uma resposta aos críticos que defendem a moda como manipuladora, ela alega que, mesmo os que dizem ser como Andy que não se envolvem e que não se importam com a moda, são vítimas dela quando compram um simples casaco na promoção. “Essa coisa, determinou a cor do seu suéter que provavelmente você comprou em uma liquidação de ponta de estoque”, diz a personagem Miranda.
O desprezo e as sátiras dos colegas de trabalho de Andréa também podem ser analisados como supervalorização pelo consumo, para eles as roupas dela eram sem estilo, esquisitas e sem valor. Sem mensurar o olhar de desprezo que Miranda dá sobre Andréa no início do filme, o que enfatiza sua falta de gosto, seu sobrepeso e seu descaso com a moda.

O “querer ser fashion”:
É sensível a percepção sobre o desejo de querer ser fashion que o filme apresenta. Por ser baseado no consumo, na moda e na estética ditatorial, o filme usa Andy para mostrar o desejo de inclusão num mundo estabelecidamente fashion e bacana. Esta representação do fashion, do seguro, do concreto é a revista Runway e todos que nela trabalham. A jovem moçinha por galgar postos mais altos e melhores, muda o visual e a aparência para ser alguém que ela julga mais moderno e influente. Afinal, ela percebe influência e referência em Miranda, projeta nela uma faceta que ela gostaria de ter: beleza, reconhecimento e atitude.
O filme mais uma vez retrata a realidade: pessoas mudando jeito, costumes e aparência porque querem ser fashion. Alguns contraindo dívidas, usando algo que não parece tão interessante, mas está na moda e assim sendo algo que não são; mas este comportamento salienta e fortifica a questão do consumismo e da vida de aparências, pois quanto mais pessoas repetindo comportamentos como o uso de marcas iguais, mais aquela marca será fortalecida e influente. Exemplo: quanto mais pessoas comprarem óculos Prada ao invés de Gucci, mais os óculos da Prada serão usados, reconhecidos e vendidos.
O filme trabalha a projeção do querer ser belo e faz no espectador uma espécie de publicidade para marcas famosas. O ambiente (Nova York) o clima chique de inverno, as personagens belas e atuais inspiram a platéia a quererem viver isto, mesmo que num lugar bem diferente de New York, elas poderão experimentar a sensação se inclusão, beleza e referência.
A mudança de Andy salienta o narcisismo ao corpo e a visão distorcida do “eu”. A necessidade de estar sempre magra, com cabelos, roupas e acessórios consagrados por estilistas e marcas renomadas coroou a supervalorização do corpo.
Em uma discussão com o namorado, Andréa alega “Sou a mesma pessoa de antes, mas com roupas melhores”. O “eu” é trazido na comédia de maneira muito sucinta, cabendo ao receptor deduzir o que é magnífico e o que é terrível no mundo da moda. Sendo o jogo de interesse uma pedra muito importante nesse discurso, já que para destacar-se e sobressair-se, é necessário muitas vezes se esquecer da vida pessoal e até mesmo de seus colegas de trabalho. “Quando sua vida pessoal virar fumaça, você será promovida”, diz o produtor de moda da Runway, Nigel, à Andréa.
No filme, Miranda mostra à Andy como a vontade de ser inclusa e atual já tomou conta dela quando diz: “A verdade é que ninguém poderia fazer o que eu faço”, e Andy responde: “Eu não acho que sou assim”. Miranda contra-ataca “Todos querem isso, todos querem ser assim. Você escolheu vir a Paris”, ou seja, todos querem isso e você já foi sucumbida por este universo, a fim de também ser fashion e inclusa.

O PODER DA RUNWAY E DE MIRANDA
Em “O Diabo Veste Prada” há uma vertente importante nos discursos da moda: o poder que é representado no filme pela personagem de Maryl Streep, rendeu ótimas críticas e indicações a prêmios no cinema. “Miranda é uma ‘lenda’ na moda, não há quem não a conheça por aqui”. Ar de superioridade e até grande arrogância fazem parte da personagem. Os casacos e bolsas de grandes grifes fizeram suas composições, desenhadas por grandes nomes da moda.
O olhar de Miranda demonstrou na obra a importância que ela dava ao poder e também como ela era “grande” perante a insignificância das outras pessoas. O medo que os personagens tinham dela foi enfatizado até mesmo por grandes estilistas na comédia, eles queriam agradar, serem reconhecidos e aprovados pela profissional, ressaltando a questão do poder que gera prestígio e destaque. “A opinião de Miranda é a única que importa”.
Foi o que Andy buscou com sua transformação: para ser reconhecida por aquele grupo e principalmente por sua chefe. “Eu achei que você seria diferente, por isso, contratei essa garota esperta e gorda, mas você é igual a todas”. Essa afirmação de Miranda marca a mudança de Andréa.

O JORNALISMO DE UMA FORMA DIFERENTE
Se diferenciando da forma como a maioria dos outros filmes apresentam a profissão de jornalista, “O Diabo Veste Prada” anuncia um novo modelo de jornalista. Ele não é o investigador, o Sherlock Holmes da trama. Tão pouco é aquele que escreve matérias alucinadamente e tem uma responsabilidade para com o público e chefe. Andy, a jovem jornalista, tem no filme a responsabilidade de servir corretamente sua chefe, mas não deve explicações à sociedade como a maioria dos profissionais da comunicação. O que ela faz demanda atenção e agilidade, mas não inteligência, conhecimentos gerais, nem estudos sobre política, cultura e etc. Esta face é a face do jornalista como um profissional sem grandes necessidades de aptidões especiais, como retrata a maioria dos outros filmes analisados.
No caso de Miranda, a experiente jornalista, o lado administrador do jornalista é explorado. Nada ou pouquíssimo se viu sobre esta face em outros filmes analisados durante as aulas. Neste, no entanto, o lado administrador, objetivo, “sacador” e pró-ativo do jornalista é mostrado. Ele sai de trás de uma mesa bagunçada com um café preto e maços de cigarro, devendo explicações ao editor chefe, para ir pra trás da principal bancada do veículo, para ser o que administra que edita que escolhe que faz contatos, e que tem como foco o lucro profissional. Aliás, isto é bem claro no filme: a necessidade de venda da revista, de venda das marcas anunciantes; o que nos outros filmes não é visto.
O jornalista por ser sempre empregado não teme a pouca venda de jornal ou o fracasso de anunciantes. Sua única preocupação é não publicar injúrias e erros para não ser demitido e perder credibilidade. A realidade do financeiro ditando comportamentos é trazida a cena de forma lúdica, mas nem por isso menos realista ou verdadeira. O jornalista de hoje precisa sim produzir pra vender, pra agradar leitores, ouvintes, internautas e seja quem for seu público. Não há mais espaço para matérias longas que tirem espaço do anunciante, não há tempo pra se dar ao luxo de escrever o que se gosta e se prefere. A publicidade dita o espaço para se fazer jornalismo. O mercado atual impõe conceitos e necessidades, cabe a qualquer profissional ajustar-se da melhor forma possível dentro deste caldeirão.

O JORNALISTA NO FILME
O profissional é ilustrado como um indivíduo estressado pelo excesso de informações com as quais lida. Não tem seu esforço, conhecimento técnico e teórico reconhecido, e é tido como um ser fácil de ser manipulado. Por excesso de trabalho – conforme mostra o filme – que muito pouco tem a ver com sua formação como profissional, ele dificilmente se desconecta por completo das funções trabalhistas, e abre mão de uma vida pessoal por uma vida profissional, o que faz o filme retratá-lo como um ser não realizado pessoalmente, insensível e inconsequente, que está disposto a passar por cima dos valores supremos (como o amor e a amizade) e até colegas de profissão para ser reconhecido e beneficiado.
A trama o desenha como um profissional deslumbrado, e por vezes promíscuo, uma vez que se encanta com o mundo de glamour, reconhecimento e oportunidades ímpares e é capaz de largar os já citados valores supremos para viver este mundo do “shownalismo”. Também é ilustrado como um profissional ambíguo e fraco. Ele é humilhado moralmente por um poder maior, e sacrifica suas ações pessoais em prol do que sua profissão o exige. Mostra-o como um ser dúbio: Quando inocente, não cobiçoso e desatento ao interesse mercantil, o profissional é um coitado, um pobre trabalhador humilhado em busca de realização e reconhecimento constante; Mas quando ambicioso e astuto, é tratado como insensível, materialista e sem identidade, uma vez que Andy, antes simplória e modesta, se adéqua ao universo que vive (o mundo absorvedor da moda) querendo mais tarde, quando já não vê outra saída, destacar-se sendo bela e elegante, popular e reconhecida.
O lado “negro” da ambiguidade ganha destaque durante praticamente toda a trama. O jornalista não é firme nos propósitos éticos que guiam um profissional da notícia. É manipulado e ambicioso em demasia, quando esquece que deveria representar o verdadeiro e correto, mas deixa-se guiar pelo mundano e profano. Sua saga inescrupulosa só termina quando no final do filme as coisas se invertem. Ilustra um ser vulnerável que tinha seu trabalho e suas decisões totalmente afetadas pelas pressões do mercado. Presumi-se assim, que o filme o julga infantil, quando tudo que ocorreu com ele, foi resultado de inexperiência e medo, e não mais de cobiça.
O filme usa a imagem do jovem jornalista (que neste caso é uma jovem garota) como uma nova aposta no futuro, uma vez que confronta o velho (personagem de Meryl Streep). A jovem é uma aposta para um futuro melhor, mais ético e menos inescrupuloso. Faz dela, a crença na mudança de rumo e diretrizes para a profissão de jornalista.

A MOCINHA
A personagem é retratada como um ser dúbio, ambíguo. No início do filme é vista como uma pessoa com personalidade, anseios e objetivos. Uma boa garota, determinada e não realizada profissionalmente, o que a torna um pouco infeliz. A personagem é ingênua, destemida e ambiciosa. Ela desconhece “os demônios” atrás das relações de poder e, portanto é a surpreendida e sofredora do filme.
Ela é angustiada – por desconhecer as coisas – e ansiosa. Ao desenrolar da trama ela vai sendo ilustrada como uma moça mais convicta, menos temerosa e mais ambiciosa. Quando conhece as leis que impera na Runway ela se adéqua para permanecer no emprego e “joga o jogo” da Revista. Por isso mais uma vez ela passa de menina com personalidade para menina descaracterizada e sem convicções pessoais, ou seja, sem personalidade.
Ela inicia o filme com uma boa imagem (menina original e determinada), segue com uma má imagem (deixa aos poucos a ambição mudar ela mesma e sua vida) e termina novamente com uma ótima imagem, pois viveu o inferno, gozou de muitas regalias, mas abandonou tudo isso em prol de sua vida, de seus amigos e seu companheiro. Não deixou o capitalismo e a imagem continuar a tomar conta de si. Então é novamente retratada como um ser supremo, angelical e muito original, quando foi capaz de abandonar o “tudo” que tinha, pelo “pouco” que sua vida pacata oferecia. Ela se sente assim, como um ser elevado, soberbo e realizado novamente.

Conflito: Pessoa versus Profissional
Andy e de Miranda esquecem-se de si durante toda a trajetória fílmica. A identidade peculiar, os hábitos rotineiros e os antigos afazeres (no caso de Andy) são totalmente desfeitos. O modo de se vestir, de se portar, de falar e até os gostos e lugares frequentados compõe a máscara que ambas protagonistas usam. O mundo essencialmente baseado na estética visual as obriga a ser algo que não são.
Miranda é frágil e tem muitas inseguranças e medos pessoais, mas a forma como decide se comportar, ou seja, o que a outra Miranda decide ser, mostra um ser forte e convicto, pleno de seu poder e influência. Já Andy usa veste a carapuça para se mostrar apta para o que faz e competente; mostra que além de saber adequar-se ao meio, “veste a camisa” da profissão e mostra-se um ser que não mede esforços pra transparecer.
O conflito mora também no fato de que fatores que se exigem da profissão como agilidade, dinamismo, e disposição integral, exigem do personagem que ele viva muito mais para a profissão do que para si mesmo, mesmo quando não está em horário de trabalho. Estes fatores citados fazem o personagem não mais viver como pessoa e sim como “pessoa profissional” apenas. Isso demonstra o conflito pessoal moderno de conciliação entre profissão e vida pessoal. Faz uma alusão zombadora do que muitos profissionais passam, vestindo máscaras diárias e pouco conseguindo – ou podendo – se desligar por completo do seu emprego.


SIMBOLOGIA
Para ilustrar a mudança e os lados díspares do jornalista, o filme utiliza recursos de produção para passar a seguinte ideia: “este profissional é o mau, este é o bom”. A jovem garota quando simplória e não ambiciosa usa roupas deselegantes e mal combinadas, mas quando começa a ser audaciosa, muda de estilo, de jeito, anda de cabeça empinada, com roupas belas e saltos altos. Ao final quando o filme retoma o conceito de moça certa, ela volta com suas velhas roupas e trejeitos, sendo novamente uma pessoa íntegra e correta que não valoriza a beleza montada e superficial.
Para simbolizar a supremacia e soberba de Miranda Priestly, a personagem anda sempre muito alinhada, com roupas de marcas caras, maquiagens e cabelos elegantes. Ela jamais é vista pelos seus subordinados e demais sem estar com aparência impecável, o que serve para representar seu medo de ser “desmontada” e sua valorização extrema pela beleza e glamour. Quando o filme resolve mostrá-la frágil e “humana”, ela é desnuda de maquiagens e roupas, pondo-a com um pijama branco, cabelos presos e sem o mínimo de make-up, fazendo-a frágil, vulnerável e sensível aos problemas mundanos que acometem a todos os mortais.
Para simbolizar o poder de Miranda, além de seu visual, sua casa enorme é mostrada, seu carro com motorista e seu escritório luxuoso. Seus súditos a seguem desesperados e confusos enquanto ela emana ordens rápidas e objetivas sempre de rosto empinado. Isto, retratado com a câmera sempre seguindo seus passos, mostra a rispidez e soberania da personagem.
Para simbolizar a simplicidade de Andy o filme mostra seus amigos em um barzinho, sua casa humilde, seu café da manhã, suas roupas banais e seu rosto angelical. Uma das cenas mais simbólicas esteticamente é quando ao final, Miranda tira os óculos e olha pra Andy sem eles, o que mostra uma cumplicidade, carinho e “rendição” pela moça; mas logo os põe novamente e entra no carro, o que passa a sensação de que apesar do momento de entrega afetiva, ela sempre será esta Miranda soberba e convicta do seu poder.
Andy enquanto isso caminha agora com as mãos no bolso do casaco, o que representa tranquilidade de despreocupação. Ao longo do filme ela jamais andara com as mãos no bolso, esteve sempre no celular, ou procurando objetos na bolsa ou chamando um táxi para atender Miranda.

IDEOLOGIA
O filme usa uma ideologia muito interessante e mutável. Durante praticamente toda a trama ele passa ao telespectador um conjunto de ideias muito similares e complementares entre si. Mas no fim, quando elas já passaram seu recado, a trama passa um novo e esperado conjunto de ideias, que busca dar a velha e sem graça “lição de moral”.
Estas ideias funcionam como estereótipos que se tem da profissão de jornalista e de suas atitudes. Pensa-se que ora ele é a caça, ora ele é o caçador. E baseado nisso, constrói um jogo de lições, aspirações e impressões da realidade deste profissional e seu meio. Passa o estereótipo de profissional que geralmente não trabalha de acordo com sua formação, que pouco usa sua criatividade, e que nada tem de poderoso diante de algumas situações; essas ideais são passadas através da jovem personagem.
Para identificar outro conjunto de ideias é preciso observar as mensagens escondidas na personagem da velha e “experiente” jornalista. “Experiente” porque sua experiência não é mostrada como fundamento de técnicas e teorias, e sim baseada no conceito de experiência mundana. O filme passa a ideia de que só com muito tempo e permanência no meio jornalístico, o profissional será reconhecido: a velha jornalista (Meryl Streep) tem uma vasta experiência e por isso seu jeito – por mais errado que esteja – é respeitado, ou seja, o velho profissional merece referências e respeito por sua trajetória.
A nova jornalista (Anne Hathaway) está presente para passar a ideologia de que um jovem profissional (por mais inexperiente que seja) é a aposta num novo futuro, melhor e menos inescrupuloso. A ideia é que sua coragem, sabedoria e caráter é o que todos profissionais deveriam ter e ser para chegar aonde se quer.
No fim, Andréa é recompensada com um emprego onde sempre quis, e volta a ser humilde e simplória. A velha jornalista representa o jornalismo de influências, de receio e respeito ao que já se está instituído. Representa a velha força que teve seu espaço e sempre terá, mas agora, na memória. A jovem representa a aposta num “novo” jornalismo, de ética pessoal antes de qualquer coisa, um jornalismo que vai valorizar a faculdade que se fez e não só quantos contatos e seguidores se têm.
Representa uma crença na perseverança e no conhecimento, e mostra que não mais se tem que render ao que já estava arraigado e sim inovar. A editora da famosa revista de moda crê que sua soberba a permite adquirir escravos e não profissionais, o que mais uma vez puxa para a ideologia que o velho está defasado e não mais sabe manipular e conviver num mundo moderno, onde o profissional deve ser valorizado e respeitado. A jovem portanto, é a aposta num jornalismo mais corajoso, mais escrupuloso e menos manipulável. Os conceitos do novo se sobrepõem ao do velho.
Mas apesar desta visão moderna, o filme mostra que ainda há espaço para profissionais marcados pela experiência do tempo, e que estes merecem consideração por sua experiência de vida e de carreira, é uma espécie de “in memorian”. O filme idealiza que um bom profissional é aquele que batalha por um sonho e não por uma sobrevivência, é aquele que não se acanha pelos seus desejos e luta por eles de forma correta e ética, mesmo que seja difícil ou mais demorado.

UTOPIAS
“Todo o jornalista que for audacioso e sonhador conseguirá sucesso profissional” é uma das utopias ilusórias do filme. Sabe-se que a realidade sempre foi e sempre será diferente (isto em qualquer profissão). Não basta ter o sonho e ser audacioso, há de se ter técnica, teoria e estudo. Mas também não basta ser inteligente e saber tudo de sua área e não ter bons relacionamentos, boas influências – especialmente no jornalismo. Um pouco de tudo aliado a sorte talvez ajude os profissionais a conseguirem exatamente o que querem e onde querem.
“Há espaço pra todos os profissionais, e ainda na área desejada – jornal impresso, revista, web jornalismo”. Isto é mais uma ilusão, uma fantasia. Comumente o jornalista trabalha em algo que não gosta tanto, seja porque é a única oportunidade no momento, ou porque é a que lhe paga melhor; nem todos podem trabalhar no jornalismo por prazer como muitas vezes acontece. Deve se saber ser maleável e atento ao mercado. Fazer o que se gosta as vezes é uma questão de sorte.
Como todo filme de entretenimento romântico, The Devil Wears Prada mostra uma trajetória com contradições, momentos de tensões e de estabilização, mas é sobre tudo no final que a utopia vem com força: “todos se realizam mais cedo ou mais tarde”, é a mensagem que se depreende. Nem sempre é assim, há muitos profissionais frustrados ou apenas conformados com sua realidade profissional. Mas como o filme é para entreter, fazer rir, sonhar e, portanto não estimular pensamentos negativos (um final com Andy trabalhando para outro veículo o qual não a agradasse muito, seria uma final triste, desestimulante e conformista), nada mais óbvios que um julgamento utópico da situação representada.

CONCLUSÃO
Sabe-se que a situação financeira pode ser indagada pela moda, porém ao andar por um calçadão, shoppings, bares e restaurantes pode-se notar que a maioria dos sujeitos está usando produtos de destaque nos discursos sedutores da mídia como: celulares, bolsas, estampas e cores conforme aquela estação. No entanto, a moda é uma arma da busca por um “eu” perfeito, mesmo que essa busca seja uma estrada sem fim ou mesmo que o sujeito alegue não ser vítima dela, ela está presente cotidianamente em suas vidas.
Andy não quis continuar sendo a assistente de Miranda, porém ela usa o que aprendeu na Runway para refazer seu processo de identidade, com maior autoestima. Isso comprova que a personagem fez a escolha não por um determinado grupo e sim, por ela como indivíduo. Hoje, pessoas realizam seus casamentos e festas e querem ter destaques em colunas sociais, o que comprova a necessidade que o sujeito tem de se glamourizar e estar incluso.
A moda é uma vertente poderosa que determina o estilo, a identidade, o grupo a quem os indivíduos pertencem e, até mesmo o sujeito que não é destaque em colunas sociais, gosta de ler e apreciar os eventos publicados em impressos como os apresentados no filme em pauta.
Moda não é tão simples e envolve muito mais que a indústria de luxo, sendo essa a grande mensagem do filme “O Diabo veste Prada”. Hoje a moda tem se expandido em todo o mundo e mesmo sem poder aquisitivo todos querem, desejam e sonham com seus produtos, seja para enfeitar-se, para arrancar elogios ou simplesmente para ir a uma entrevista de trabalho e estar bem apresentável. Os valores exorbitantes creditados à marcas e seus respectivos produtos salientam poder.
Contudo, não há como viver imune a moda, mas entregar-se a ela sem restrições é um grave sintoma do mal estar da civilização, ou seja, o indivíduo tem a dura tarefa de ter autoestima e sucesso e ser ele mesmo. Essa foi a escolha da personagem Andréa. O Diabo veste Prada realmente foi um filme que nos impressionou, e tirou aquela ideia de mais um filme americano. Trata-se de um filme realista, que fala sobre os obstáculos encontrados no mercado de trabalho e o que as pessoas acabam fazendo pra crescer na vida.
Em certo ponto Miranda afirma à mocinha do filme com toda certeza, arrogância, luxúria e calma do mundo: “Essa é a vida que todos querem”. Porém nesse momento, Miranda desperta a libertação de Andy e do público.
Quanto ao que concluímos especificamente sobre a profissão de jornalista, versa em torno do olhar que leigos e terçeiros tem sobre a atividade. Segundo a retratação e aprofundamento que o filme deu, jornalistas são dúbios, são metamorfos e buscam reaização e reconhecimento. São profissionais cuja técnica e teoria apreendida não são questionadas porque pouco são requisitadas. O filme poderia ter dado uma abrangência e aprofundamento maior da profissão, privilegiando não só o lado difícil e sofredor da profissão, mas também o lado aclamado e reconhecido.

Referências Bibliográficas
WEISBERGER, Lauren. O diabo veste Prada. Edições Best Bolso, 2009;

CASTILHO, Kathia e VILHAÇA, Nílzia (orgs). Plugados na moda. São Paulo: Anhembi Murumbi, 2006;

RÜDIGER, Francisco Ricardo. Theodor Adorno e a crítica à indústria cultural: comunicação e teoria crítica da sociedade. 3.ed. EDIPUCRS. Porto Alegre, 2004.

BARNARD, Malcolm. Moda e comunicação. Rio de Janeiro: Rocco, 2003;

SENRA, Stella. O Último Jornalista. Estação Liberdade. 1997;

Site oficial do filme: http://microsites2.foxinternational.com/br/odiabovesteprada/

Trabalho realizado por Bruna Essig e Alexandre Soares Pinto para a cadeira de Crítica da Mídia da PUCRS. 2010/1

15.6.10

Identidade Hegemônica nas Páginas de ZH

A pesquisa de Ângela Cristina Trevisan Felippi teve como tema a Zero Hora. O material pesquisado foi de 2003 a 2006. Essa parte da pesquisa visa analisar o conjunto verbal e visual que compõe as notícias (chamadas, cartolas, linhas de apoio, textos, fotos, legendas de fotos, corpo das notícias, gráficos, tabelas, ilustrações e principalmente os títulos, entre outros componentes) e como a empresa se relaciona com o seu receptor. Um indivíduo, ao ver da empresa, receptivo as estratégias discursivas montadas pelos repórteres, editores, fotógrafos, ilustradores e diagramadores.

A produção seleciona o que é notícia. Os repórteres consultam fontes especificas e constroem o texto a partir do valor-notícia da produção. Estudos sobre os discursos foram utilizados para falar sobre o conteúdo ZH. O que não estaria colocado nas páginas do jornal, não teria acontecido ou não teria sido suficientemente importante. A intenção é entregar um jornal feito a partir de um “olhar gaúcho”. No discurso jornalístico ZH usa-se a linguagem impessoal, com pouca ou nenhuma adjetivação no texto, uma ordem direta das frases, que gera um efeito de objetividade e de literalidade, e o uso de palavras consideradas de uso corrente e com menor polissemia, entre outros artifícios.

Para exemplificar a sua pesquisa, Ângela analisa os títulos e um pouco os textos que chamam a atenção pelo seu “localismo”. O esforço do trabalho foi identificar o que os títulos enunciados podem causar, na tentativa de ordenar o real e nortear a leitura.

A palavra “gaúcho”, a mais usada pelo jornal, tem um sentido positivo no imaginário social que associam os gaúchos aos ideais de bravura, coragem, pioneirismo, iniciativa e superioridade. No interior dos textos jornalísticos é menor a presença da denominação “gaúcho”. Já nos títulos o olhar mais atento dos editores assegura a linha editorial do jornal. A ZH se utiliza também do termo “gaúcho” para noticiar um fato não necessariamente positivo.

Os tópicos de pesquisa

Ângela classificou os títulos em 7 tópicos:

O acontecimento local; São materializados nas notícias os bons ou maus exemplos feitos pelos gaúchos, iniciativas de valor, histórias de vida, entre outros. Acontecimentos muito focalizados no Estado. Exemplo: Quanto custa viver no RS (Capa, chama para notícia na editoria de Economia, 18-09-05)

A produção cultural; Transformam-se em notícia no jornal porque se enquadram nos critérios de “localismo”, além dos de proximidade, relevância/importância para o público alvo. Ou seja, são pautas constantes, especialmente nas editorias relacionadas à cultura e variedades, que são os cadernos “Segundo Caderno” e “Fim de Semana”. Os cadernos destinam um significativo espaço para os acontecimentos culturais locais, embora não seja tão grande quanto o ocupado com eventos ou produtos nacionais e internacionais. Os textos trazem a idéia de superioridade do gaúcho referente a produção cultural dos demais Estados. Exemplo: Cinema gaúcho premiado.

As celebridades; Os gaúchos famosos são noticiados em destaque em diferentes editorias do jornal: esporte, moda, economia, política, cultura, televisão, entre outros. Percebemos duas situações neste caso: a primeira quando os personagens noticiados são naturais no Rio Grande do Sul, denominados como gaúchos e a segunda situação, quando o jornal se vale da memória social para não precisar denominar a celebridade como gaúcho. Dentre as celebridades que não precisam de denominação estão a modelo Gisele Bundchen, o jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, a ginasta Daiane dos Santos e a escritora Lya Luft. Essa atitude é classificada como jornalismo soft, no qual a imprensa dirige sua cobertura mais para diversão do que informação. Exemplo: Fantástica Dai (Esportes, 26-11-05) (sobre a atleta Daiane dos Santos).

O cidadão comum; Os personagens dos textos jornalísticos em ZH valorizam os cidadãos comuns, elevados à condição de fontes principais da notícia. Pessoas comuns que se transformam em notícia por uma situação especial, aliada a sua condição de gaúchos. A presença do leitor nas páginas do jornal se dá pela carta do leitor, pelas sugestões de pauta encaminhadas por e-mail ou telefone, pelos concursos de redação de notícias (geralmente para jovens), pela publicação de fotografias amadoras, pelos comentários sobre fotografias feitas pelo jornal, pelas enquetes e opiniões, por publicações de histórias ou situações de vida peculiares ou por ter participado de eventos mundiais, etc. Um “olhar gaúcho” particular, que só um nascido no Estado poderia dar, o testemunho sobre determinado acontecimento de impacto mundial que seria compreendido culturalmente pelos seus conterrâneos.

A interação jornal-leitor é uma jogada empresarial, que vê no envolvimento do leitor uma maneira de se aproximar da audiência e ampliar a venda. Foi por causa dessa prática que o grupo apostou no Diário Gaúcho. O produto informativo se dá pelo espetáculo, busca pela visibilidade pública e confunde o leitor, vendendo entretenimento como informação. Exemplo: Jovens gaúchos se preparam para encontrar Bento XVI (Geral - 08-08-05).

O movimento tradicionalista; A agenda do Movimento Tradicionalista Gaúcho é um dos mais importantes temas para as notícias as quais a identidade gaúcha é construída. Os eventos que envolvem o MTG estão nas comemorações da Revolução Farroupilha, especialmente a Semana Farroupilha, os festivais musicais e outras promoções da cultura gaúcha como bailes, escolhas de primeira prenda, encontros folclóricos, acampamentos, desfiles, mateadas, rodeios, entre outros. Nenhuma outra cultural regional (não hegemônica) do Estado recebe tamanha atenção como a gaúcha. Há um uso recursivo de palavras e expressões características do linguajar gauchesco, denotando uma adaptação da linguagem jornalística a uma linguagem própria de uma cultura. Há uma preocupação com os títulos para a linguagem típica da cultura gaúcha. Exemplo: Gaúchos criam CTG em Paris (Geral, 19-10-05)

As comemorações da Revolução Farroupilha; No dia do gaúcho, quando no Rio Grande do Sul ocorrem inúmeros eventos de celebração, há um número maior de enunciados que dão conta de quase toda a totalidade de notícias publicadas no período sobre as comemorações farroupilha. No mês de setembro, a ZH habitualmente dedica um considerável espaço para a cobertura dos eventos oficiais e não-oficiais relacionados às comemorações do aniversário da Revolução Farroupilha. Praticamente todas editorias, em algum dia, de algum modo, trazem relatos relacionados ao evento farrapo ou à cultura gaúcha.

A cobertura do jornal se estende para os espaços de opinião. E a presença do assunto extrapola o espaço editorial. Grande parte dos anunciantes, especialmente os de maior poder econômico, publicam anúncios que fazem alusão à data. ZH também costuma distribuir brindes como a bandeira do Rio Grande do Sul ou adesivos de outros símbolos da cultura gaúcha. Há, novamente, uma adaptação da linguagem jornalística ao linguajar gauchesco. É um movimento em busca da ampliação e satisfação da audiência (imaginada) gaúcha. Exemplo: Brilha centelha dos Farrapos (Geral, 27-08-05)

Os valores simbólicos; As construções discursivas realizadas são cunhadas na memória social sobre o gaúcho, a história do Rio Grande do Sul e cultura gaúcha. A memória acaba por agir sobre os sentidos do presente, interferindo na elaboração das significações sobre a notícia de uma forma talvez mais contundente que nas tematizações anteriores. As construções discursivas parecem embutir forçosamente uma intenção da produção de seduzir o leitor por meio do apelo identitário. Há a predominância de construções conservadoras e de senso comum sobre a condição de gaúcho, inclusive dando conta de uma superioridade, apelando para um recurso básico da construção identitária, a diferenciação em relação ao “outro”, seduzindo o receptor pela afirmação da superioridade. Exemplo: Gaúcho osso duro (Esporte, 29-09-05) (sobre tenista que conquista vitórias).

As competências de recepção

Na pesquisa de Ângela não foi abordado um estudo de recepção, mas intenciona esboçar alguns conceitos e entendimentos de como se dá o consumo deste jornal. O intuito da pesquisa, portanto, foi entender como se realiza a interação entre jornal e leitor e como a empresa o faz. A ideia de ZH é elevar o receptor ao papel de ativo. Podendo interferir na produção jornalística, no processo de confecção do jornal e, conseqüentemente, nas significações depositadas no texto pelos produtores das notícias.

Na Zero Hora, essa “influência” do receptor se dá por meio dos mecanismos criados pelo próprio jornal. Um movimento circular da informação. Uma jogada administrativa que vislumbra a fidelidade do seu “cliente-leitor”.

A ZH tem cinqüenta e cinco formas distintas de se comunicar com seu leitor. São novas práticas de aproximação do jornal com o leitor, somadas às tradicionais que interagem com os setores de redação, circulação, marketing e publicidade. Na Redação de ZH, o atendimento ao leitor passa a ser de todos. Até capacitações são realizadas para melhor atender o leitor. Saber ouvir o leitor, interpretar suas demandas, dar retorno e deixá-lo sentir que o jornal é seu.

As pessoas querem opinar, querem interagir, interferir ou até mesmo fazer o jornal (a TV, o blog, o conteúdo para celular etc.). Os meios de comunicação não podem mais funcionar numa via de uma só mão (do veículo para o público). Novas formas de inter-relação entre produtores e consumidores estão muito abrangentes na imprensa, entre eles o de dar visibilidade e valor ao seu receptor.

São recebidas aproximadamente cem cartas ao dia. De janeiro a setembro de 2006, por exemplo, o número total de cartas foi de cerca de dez mil, que chegaram por correio tradicional, eletrônico e fax. Os profissionais do setor atendem ainda por telefone e pessoalmente, tanto reclamações sobre o jornal e sobre o poder público, especialmente, até sugestões de pauta. Parte do que o leitor coloca ao jornal, sistematicamente, é enviado à redação, para o diretor de redação, aos editores chefes e os editores executivos das editorias.

A empresa tem 17.509 leitores cadastrados (até a data da entrevista), que são catalogados por nome, profissão, endereço e telefone. Diferentes instâncias do poder econômico e político e grupos do terceiro setor valem-se do jornal para conquistar visibilidade pública. Atualmente, Zero Hora é líder em todas as regiões do Estado em relação ao seu concorrente principal, o Correio do Povo, perdendo para os principais jornais regionais, mas sua a circulação predomina na área Metropolitana.

A faixa de público atingida pelas pesquisas do jornal confirma a tendência de circulação pelas classes média e alta. A assinantes e leitores eventuais são, portanto, das classes A, B e C. O sexo feminino e o masculino têm um percentual igual de consumo do jornal. 50% dos seus leitores estão na faixa entre 20 e 39 anos e o restante é distribuído principalmente na faixa etária acima dos 40 anos.

O jornal oferta ao seu leitor distintos cadernos, procurando incluir diferentes públicos e interesses. Embora a ZH atinja públicos das classes sociais mais altas e não seja identificado como um jornal popular, suas estratégias editoriais vêm tendendo para uma popularização e interiorização no Rio Grande do Sul. As mudanças feitas pela ZH são reações a novas mídias e a novos cenários econômicos e sociais da contemporaneidade.

Percepções

A pesquisadora não expandiu os seus estudos para um movimento circular de análise. De certa maneira, ela parou sua pesquisa após apresentar os dados de interação que a ZH tem com o seu leitor. Ela poderia ir além. E ter investigado como o público enxerga o jornal e, por a prova, se o esforço de interação que o jornal quer estabelecer com ele é ideal.

Como ela afirmou no início da tese, a pesquisa não se trataria de um estudo de recepção. Ela reconhece que a recepção é um movimento moderno de estudos de comunicação, mas que o seu foco não chegaria a esse limite.


Resumo da pesquisa para a cadeira de Mídia e Recepção da Famecos, ministrada pela Ana Carolina Escosteguy.

11.6.10

Métodos para o status de rato

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete e ooiitoo... “Faz um pouco mais fechado na próxima”. “Não deixa tua coluna ir pra frente”. “Só faz mais duas séries e parte para outra”. Recomendações de um especialista no assunto, o educador físico. Musculação é um ótimo esporte. O maior desafio para conseguir praticar esse esporte é aguentar os usuários, os chamados ratos de academia. São pessoas muito simpáticas, espontâneas, felizes, brincalhonas, palhaças, babacas, idiotas, narcisistas...
No mundo dos marombeiros, quem ganha destaque é o frequentador diário, que se exibe, em todos os sentidos, e quem puxa mais peso. Quem luta por conhecimento e carreira não consegue ganhar destaque dentro desse mundo. Isso por que sucesso profissional, ou qualidades intelectuais não são levados em conta. A meta é ser desleixado, espontâneo e não se preocupar com os outros.
Ao tentar se passar por um rato de academia algumas situações são fundamentais. Primeiro: a mensalidade deve estar em dia, se não fica muito chato. O pessoal te chama de caloteiro, tá ligado! Segundo: Teu treino mostra o quanto você é bom. São quatro exercícios para cada grupo muscular e cada grupo muscular tem que ser trabalhado duas vezes por semana. Terceiro: Roupas. Quem disse que malhar deve ser feito com roupa velha e tênis sucateado. A roupa é um instrumento que faz jus ao teu nome dentro da academia. Os outros ratos são como mulheres em uma festa chique, se vestem para serem vistos e elogiados. Quarto: O exibicionismo é imprescindível. Mostra-se, ouse-se, levanta essa camisa na frente no espelho, e compare seus músculos com o dos outros ratos. E quinto: Deixe todo o material usado espalhado. Não fique desmontando os pesos, Faz o teu e o resto que se vire.
Teorizar esses aspectos é fácil o problema foi colocá-los em prática. Agora chegou a parte boa, se comportar como um marombeiro. Antes de sair de casa, a roupa para ser trocada no vestiário é tratada com delicadeza. Afinal não se vê ratos com roupas amassadas. Ao chegar à academia, percebi que pratiquei um erro. Nenhum dos integrantes do grupo de marombeiros se vestia na academia. Eles chegavam já com a roupa, no estilo surfista, por baixo de um casaco ou moletom, de marca. A ideia do vestiário é só para dar uma olhada no visual, dar uma mijada, lavar as mãos (nem sempre) e partir para a briga. Bom no outro dia eu não iria errar.
A roupa não é confortável para malhar. As camisas apertadas são sufocantes dando uma sensação de estrangulamento. Mas há aqueles que usam camisas mais largas. No entanto, esses são iniciantes. A proposta é ser o cara. Os tênis novos, mais para sair, ficam soltos e faz tu caminhar mais estranho. Os calções são muito largos. Para praticar esporte com isso não dá! Mas vamos lá. Para aquecer uma pequena corridinha. A merda começa por ai, mas pelo menos, logo na entrada já levei umas olhadas. Até parece um baile gay!
A corrida é ao som das tamancas, parece flamenco. É pior do que marcha militar. Os tênis duros não deixam sentir a leveza e o prazer de uma corrida ideal. Os calções também te atrapalham. Movendo-se como cortinas ao vento. A camisa só deixa mais evidente o teu suor, mostrando que você está lutando pelo seu destino.
Dez minutos se passam e você está exausto. Você ainda tem mais dez minutos pela frente, e não consegue nem mais correr sem se desequilibrar. O puta merda da esteira entra em cena. Agora entendi por que alguns bombadões ficavam se segurando. Mas o céu é o limite e o tempo foi alcançado.
É provável que a roupa ajude muito na queima de calorias. O cansaço é muito maior do que quando praticado com roupas adaptadas para exercícios físicos. Bom, vamos para os pesos. Ou melhor, vejo tudo retorcido, acho que não vou nem conseguir pegar alguma barra, ou alteres. Fui para o descanso. Algo que nunca imaginei fazer. Sempre saia do treino aeróbico e ia direto para a malhação.
No descanso notei que as inter-relações entre os seres são próximas. Suas rotinas alimentares, diárias e de descontração são colocadas em público. Algumas coisas são... interessantes. São fatos relacionados ao fim de semana, futebol, mulher, futebol, o filme novo de luta, futebol e culinária. É culinária mesmo. Os brutos também são grandes chefes de cozinha. Acompanhe:
- (O apelido do ser é monstro): Meu seguinte ontem comi dois ovos, quatro cacetinhos integrais, muita salada. Fiz uma batida fera para comer com o pão. Peguei as cascas dos ovos, banana, leite, farinha de amido e bati tudo. Muito bom tem todas as proteínas e vitaminas. Hoje de manhã me acordei meio mal da barriga, mas agora to legal.
“Será que alguém dormiu com ele?” (a pequena história do intelectual da culinária de crescimento não seria tão engraçada sem a característica do tom de voz dele. Infelizmente não existe malhação para mudar o timbre. A voz do magrão era fanha e desengonçada. Voz de babicão).
Depois de ouvir os toques culinários do monstro fui treinar. O aumento dos pesos deve ser gradual. O tempo que tu vai ficar fazendo aquele exercício não importa. O importante mesmo é conversar. É conversar, a academia é um local de conversas. Viagens à Rivera, mulher, contrabando e pirataria, “pequei todas nesse findi”, suplementação, “tá ligado na Cásia do banco Sicred?”, shows, “levei ela pra casa”, balada, “depois da psy” - e é claro - futebol. Nessa hora o assunto da Cásia não importa mais. Se comeu ou não comeu? Tanto faz. A onda nessa hora é mostrar quem sabe mais sobre os últimos jogos da rodada e também fazer um remake.
Juro que tentei. Mas eu não conseguia decorar os zilhões de jogadores que eles se relembravam. Mal consegui decorar quem joga no internacional e no grêmio. Nesse ponto levei locaute. Mas pelo menos meu treino de peito já terminou. E é claro não desmontei a barra do supino. Deixei esse trabalho para um alemãozinho novo aspirante a marombeiro.
Fui para o treino de bíceps. Principal músculo do organismo marombeiro. Não foi possível competir com a carga desses caras. Mas utilizei o artifício do estilo. Faz, para, conversa, bebe uma água, faz mais uma série, bebe mais uma água, vai ver a aula de taiko-do, faz outra série... E dessa maneira se chega ao final do treino de bíceps com pesos razoáveis.
Cometi mais um erro na finaleira. Fazer abdominais. Todos matam essa fase. Mas eu fiz afinal a tendência de ficar barrigudo é grande. Na hora do abdominal parece que há uma ajuda mútua de todos. É o último exercício então todo mundo relaxa mesmo.
A gordinha do fundo está aqui todos os dias. A maneira como ela faz o abdominal é como se fosse uma selvagem. Seu rosto se enche de raiva. Suas têmporas se abrem. Mas os seis e a barriga atrapalham a subida. A rapidez assusta o instrutor que sugere:
- Faz um pouco mais esticado e devagar;
A reclamação é imediata: “AH, mas não pode ser assim?”.
- Assim tu não vai trabalhar nada.
- Mas eu faço assim todos os dias.
Bom nessa hora eu tive que parar de olhar. Depois da olha do Instrutor para mim tive que virar a cara para o outro lado. Daí ele soltou:
- É por isso que não adiantou até agora.
Não pude ver a expressão do rosto dela. Estava olhando para o outro lado me segurando para não rir. Mas sua voz foi ríspida, suave e formal.
- Então eu tenho que esticar a minha coluna e subir até onde eu consigo?
Dei uma olhada para verificar os ânimos. Ela estava fazendo do mesmo jeito. E o instrutor tentando corrigi-la. Junto com essa cena os meus abdominais foram alcançados. Mas ainda precisava fazer cintura. Bom deixa prá lá, nunca vi ninguém fazendo cintura.
Depois de uma semana inteira agindo como um babaca eu tive que parar. Afinal há outras coisas para se preocupar. Um exemplo é escrever esse texto. A chacota de tudo isso é que no fundo muitos de nós gostaríamos de ter um corpo de um rato de laboratório desse meio. Não conseguimos alcançar esse milagre por vários motivos. Um deles é pelo amor ao jornalismo. Essa arte de ser jornalista nos transforma em seres superiores. Na verdade não me sinto nem um pouco superior. Minha inferioridade é tamanha que me vejo pior do que esses caras que analisei.
O meu texto é peso pena nesse mundo dos jornalistas. Minha quantidade de livros lidos é não é nem um pouco pesada. Percebo que há pessoas que lê bibliotecas semanalmente. E eu, leio humildemente um livro em duas semanas. Minhas roupas são fora do padrão Famecos, muitas vezes. O desfile de modas e de marcas são prazeres que não se encaixam no orçamento. Estar ligado em tudo que acontece no mundo é muito difícil para quem tem uma leve lembrança. Mesmo lendo os jornais diariamente e comentando esses assuntos com meus colegas de trabalho a quantidade enorme de informação municipal, estadual, federal e mundial é muito grande.
Enfim a vida é assim! Queremos atingir status e metas distantes demais para nossa realidade. A inferioridade atinge até mesmo aos grandões da academia. Afinal a frase deles é: “Meu, quero ficar três vezes maior do que isso”. E eles, a cada mês que passa, incham mais e mais e continuam dizendo a mesma frase, diariamente.
Alexandre 1 Soares 2 Pinto 3

1.6.10

De tempos em tempos

Faz um bom tempo que nada é publicado no meu blog. Infelizmente a tecnologia vai evoluindo. O Orkut, MSN, Blogger estão sendo substituídos. Agora a onda é Twitter. Até o ICQ ficou para trás. E faz tempo!
Um outro cuidado! Como estudante de jornalismo e deslumbrado com as facilidades da internet deixei muita coisa exposta aqui no blog. Ainda bem que nada foi usado de forma criminosa. Até por que não tenho um número de acessos tão elevado como o site do terra, uol e o blog da Amanda Porterolla. Depois das aulas sobre direito digital refleti sobre essa minha página e acabei apagando diversas postagens que desrespeitam a ética e o direito autoral.
Mas calma. Ainda sou uma pessoa transtornada e isso com certeza irá transparecer no meu blog. E de tempos em tempos darei uma passadinha aqui para dar uma postada.
De qualquer forma quero agradecer os meus leitores fiés. Que são poucos, mas que são grandes amigos.
UM UH LADY GAGA PARA TODOS!!!

18.12.09

Suplementação Alimentar

A rotina muitas vezes nos deixa sem escolhas de uma alimentação melhor. A escolha de alimentos gordurosos e sem vegetais são os preferidos. Uma coisa leva a outra, uma má alimentação prejudica nosso sistema imunológico. Já uma alimentação balanceada, sem exageros pode melhorar, e muito, a rotina e o funcionamento do organismo.
Já foi comprovado que verduras, frutas e muita água devem estar no topo da lista alimentar de todos. A suplementação alimentar vem para auxiliar esses desafios diários. "Como o nome já diz, suplementação. Funciona como um plus na alimentação. Indicado principalmente para esportistas e praticantes de atividade física", explica o instrutor de musculação, Vantuir Émerson Rodrigues.
Geralmente as pessoas que frequentam uma academia tem outras atividades. O trabalho, a família... O desgaste diário é estagnado com bons suplementos ou uma boa alimentação. Portanto, uma boa alimentação unida com uma atividade física elevam a qualidade de vida de qualquer pessoa.

Um tom mais sério para o blog. Aproveitem é por pouquissímo tempo.

16.9.09

Uma rede de benefícios sociais

O mundo da “net” ao mesmo tempo que envolve distância os usuários. Navegar pela web é simples, prático e fácil. Sua composição de mundo virtual garante aos navegantes uma enorme gama de conteúdo.
No entanto, esse maravilhoso mundo da informação e pesquisa deixa a desejar. A fórmula sem o contato pessoal com os outros indivíduos é fria. Porém essa ferramenta é importante para a comunicação, principalmente para o jornalismo.
Negar esse meio não é o caminho, mas conhecer o que essa rede mundial pode nos possibilitar é fundamental. As facilidades da internet devem ser utilizadas em benefício social e pessoal. Muitas mudanças ainda acontecerão. Uma mídia de aproximadamente 15 anos de existência passará ainda por grandes evoluções, não só tecnológicas, mas também sociais.
É necessário saber dialogar com esse novo mundo, sem esquecer que há um mundo à parte, na frente de um aparelho eletrônico. Os profissionais desse meio inovador de interatividade devem sempre trabalhar com a idéia de que a internet é uma tecnologia de auxílio à vida do homem. E nunca a peça indispensável para a sobrevivência do ser humano no planeta.

Texto produzido para a vaga de efetivo na RBS, site Oba oba.
Infelizmente cometi dois erros nesse texto. Nas partes: (um mundo à parte) e (auxílio à vida do homem), no texto original eu não coloquei crase. Tomara que eu não seja prejudicado por causa disso. Ainda não tive resposta.